22 de maio de 2008

Entrevista com Jean-Pierre Guis

“Uma das minhas missões é ajudar a
comunidade brasileira”, diz Jean-Pierre Guis


Jean-Pierre Guis, conselheiro do 12° arrondissement de Paris e encarregado das relações com o Brasil, é um apaixonado por esse país. E isso se vê em cada parede de seu escritório, coberta de fotos do Rio de Janeiro, de imagens de samba e de bandeiras brasileiras. Ele mesmo ostenta, sob a manga do paletó, uma baianíssima fita do Senhor do Bonfim. Após um bate-papo sobre música e política, ele nos contou alguns de seus projetos.

Oprimidos e engajados
Um dos apoios da prefeitura à cultura se destina ao
Théâtre de l’Opprimé, grupo independente e engajado
dirigido pelo brasileiro Ruy Frati. Segundo Guis, o espaço
do teatro é dedicado não só a peças, mas também a concertos
de música.

França no brasil
Sobre o ano da França no Brasil, em 2009, ele demonstra
cautela. Embora não possa precisar nomes de artistas
confi rmados, Guis nos adianta algumas informações,
como a provável parceria entre as cinematecas parisiense
e paulistana e a participação de editoras francesas em
festivais literários brasileiros. Ele nos contou ainda um
pouco sobre o Projeto Paris-Rio-Recife-Salvador. A idéia é
levar ao Brasil grupos parisienses, que fazem música com
forte inspiração brasileira, e, dessa forma, criar pontes
entre Paris e essas três cidades.

“Quero estabelecer cruzamentos”
Guis encabeça uma série de tentativas de levar a iniciativa
do ano da França no Brasil a fundo: “é preciso não
só mostrar o que a França sabe fazer, mas também pôr
em evidência as relações que já existem entre os dois
países”.
No caso, ele propõe uma tradução de uma edição da revista
História Viva, sobre a herança francesa no Brasil.
Propõe também um trabalho para expor as relações
aeronáuticas entre os dois países (de Santos-Dumont
a Saint-Exupéry e à aventura da Aéropostale), além da
apresentação de grupos franceses que tocam ritmos
brasileiros, como a batucada (Zalindé), o maracatu (Maracatu
Nação Oju-Oba) e mesmo a música carnavalesca
(com a escola de samba Bloco de Paris).

Brasil para brasileiro ver
O interesse dessa parte do projeto seria justamente
mostrar aos brasileiros o trabalho de reapropriação
que grupos de franceses desenvolvem a partir da nossa
cultura. Seria uma apresentação enriquecida pelas
tradições dos dois países, o que permitiria aproximar
os povos e fazer com que o Brasil conheça a infl uência
que exerce sobre outras sociedades.
Para ele, o que mais importa é a troca, ou a “fluidez”, em
suas próprias palavras. Seu projetos continuam: apoio
à bande Ciné (grupo brasileiro que canta em francês),
ao cantor da guiana francesa Chris Combette, à capoeira,
a manifestações rituais como o candomblé, aos
pintores brasileiros e outros tantos. O ano da França no
Brasil ainda não chegou, mas podemos ter certeza de
que Jean-Pierre Guis será um dos nomes fundamentais
do evento.